Vou... Por tudo isto e muito mais!

Para sonhar o que poucos ousaram sonhar.
Para realizar aquilo que já me disseram que não podia ser feito.
Para alcançar a estrela inalcançável. Esta será a minha tarefa: alcançar essa estrela. Sem querer saber quão longe ela se encontra; nem de quanta esperança necessitarei; nem se poderei ser maior do que o meu medo.
Apenas nisso vale a pena gastar a minha vida.

Para carregar sobre os ombros o peso do mundo.
Para lutar pelo bem sem descanso e sem cansaço.
Para enxugar todas as lágrimas ou para lhes dar um sentido luminoso.

Levarei a minha juventude a lugares onde se pode morrer, porque precisam lá de mim.
Pisarei terrenos que muitos valentes não se atreveriam a pisar.
Partirei para longe, talvez sem sair do mesmo lugar.

Para amar com pureza e castidade.
Para devolver à palavra "amigo" o seu sabor a vento e rocha.
Para ter muitos filhos nascidos do meu corpo e - ou - muitos mais nascidos apenas do meu coração.

Para dar de novo todo o valor às palavras dos homens.
Para descobrir os caminhos que há no ventre da noite.
Para vencer o medo.

Não medirei as minhas forças.
O anjo do bem levar-me-à consigo, sem permitir que os meus pés se magoem nas pedras.
Ele, que vigia o sono das crianças e coloca nos seus olhos uma luz pura que apetece beijar, é também guerreiro forte.

Verei a minha mão tocar rochedos grandes e fazer brotar deles água verdadeira.
Olharei para tudo com espanto.
Saberei que, sendo eu nada, sou capaz de uma flor no esterco e de um archote no escuro.

Para sofrer aquilo que não sabia ser capaz de sofrer.
Para viver daquilo que mata.
Para saber as cores que existem por dentro do silêncio.

Continuarei quando os meus braços estiverem fatigados.
Olharei para as minhas cicatrizes sem tristeza.
Eu saberei que um homem pode seguir em frente apesar de tudo o que dói, e que só assim é homem.

Para gritar, mesmo calada, os verdadeiros nomes de tudo.
Para tratar como lixo as bugigangas que outros acariciam.
Para mostrar que se pode viver de luar quando se vai por um caminho que é principalmente de cor e espuma.

Levantarei do chão cada pedra das ruínas em que transformaram tudo isto.
Uma força que não é minha nos meus braços.
Beija-las-ei e voltarei a pô-las nos seus lugares.

Para ir mais além.
Para passar cantando perto daqueles que viveram poucos anos e já envelheceram.
Para puxar por um braço, com carinho, esses que passam a tarde sentados em frente de uma cerveja.

Direi até ao último momento: "Ainda não é suficiente!"
Disposta a ir às portas do abismo salvar uma flor que resvalava.
Disposta a dar tudo pelo que parece ser nada.
Disposta a ter comigo dores que são semente de alegrias talvez longe.

Para tocar o intocável.

Para haver dentro de mim um sorriso que a morte não me possa arrancar.

Para encontrar a luz de cuja existência sempre suspeitei!

Para alcançar a estrela inalcançável!